24 de dezembro de 2011

O real impossível

O alimento chega-lhe à mão através do amigo,
O amigo que lhe oferece seu cais
Apesar de este ser indigente, anacrónico e antigo,
Serve inteiramente para aqueles dois seres especiais.

Um benfeitor e um antigo mendigo
Juntos tornam os ensejos jamais iguais;
Tornam o Averno num jazigo;
Tornam as lixeiras em preclaros rosais;

Tornam os burgaus em espigo;
O árido em trigo;
A insignificância em algo mais;
E as fantasias tornam-se reais.

Jamais estes dias serão banais,
Eles não olham para o seu umbigo
Amparando os sem-abrigo
Sem lar devido à crise que conveliu o país.

Dário Andrade