5 de setembro de 2010

Sinto-me oco!

Estava eu soturno infiltrado nas linhas do bloco,

Arriscando descrever o que a minha alma sente,

Mas não consigo extrair palavras! Sinto-me oco!

Sinto-me como se já não importasse o presente.


Será que a minha alma volveu-se num livro vazio?

Terá ela perdido as palavras que lá dentro se achavam?

Sei agora que me tornei num vagabundo, sinto frio!


Sinto que a minha identidade foi-me extorquida

Por aqueles que exprimiam que me amavam.

Agora sei que nada posso fazer,

Agora sei que nunca será novamente encontrada.

Agora sei que ela não volta a sofrer!


Ass: Dário Andrade

1 de setembro de 2010

Wind of Change

Esta balada foi escrita por Klaus Meine, vocalista da banda alemã de rock Scorpions, em 1990. Saiu no album Crazy World em 1990, mas tornou-se num sucesso apenas em 1991. Esta canção tem também outras duas versões: Ветер Перемен (em russo) e Vientos de Cambio (em espanhol).
A letra é uma espécie de comemoração pelas mudanças que estavam a acontecer na época na Europa. Mudanças como a queda do Muro de Berlim, como o Acordo Polaco da Mesa Redonda, como a liberdade crescente do Bloco de Esquerda (que logo levou à queda da URSS) ou como o fim próximo da Guerra Fria.
Esta letra foi inspirada numa visita a Moscovo em 1989 e os versos iniciais referem-se monumentos famosos da cidade (Moskva e Gorky Park).
Em 2005, foi considerada a música do século pelos espectadores do canal ZDF.
Nesta canção ouve-se a excelente voz de Klaus Meine no seu auge, uma voz muito poderosa e timbrada, como também se ouve uma excelente composição musical com principal destaque para o solo de guitarra. Esta canção não se tornou só um grande hit, como também uma excelente música de apelo para um mundo melhor. Enfim... que mais posso eu dizer... ouçam a música e desfrutem desta canção excelente.

Natália Correia

Natália de Oliveira Correia nasceu a 13 de Setembro de 1923, na Fajã de Baixo em São Miguel.
Aos onze anos de idade o seu pai emigra para o Brasil, fixando-se Natália, a mãe e a irmã em Lisboa, onde fez os estudos liceais. Começou no mundo da literatura com uma obra infanto-juvenil mas rapidamente se afirmou como poetisa.
Possuía um discurso oratório extremamente talentoso e uma grande coragem combativa. Foi aderente dos movimentos de oposição ao Estado Novo, tendo participado no MUD (Movimento de Unidade Democrática, 1945), no apoio às candidaturas para a Presidência da República do general Norton de Matos (1949) e de Humberto Delgado (1958) e na CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, 1969). Foi condenada a três anos de prisão, pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada ofensiva dos costumes.
Em 1991, Natália Correia recebe o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro Sonetos Românticos. No mesmo ano foi-lhe atribuída a Ordem da Liberdade; era já detentora da Ordem de Santiago.
Natália Correia casou quatro vezes. Após dois curtos casamentos, casou em Lisboa a 31.7.1953 com Alfredo Luiz Machado, a sua grande paixão, bem mais velho do que ela e já viúvo, casamento este que durou até à morte deste. Em 1990, tinha Natália 67 anos de idade, celebrou um casamento de conveniência com o seu colaborador e amigo Dórdio Guimarães.
Na madrugada de 16 de Março de 1993, morreu, subitamente, com um ataque cardíaco, em sua casa. A sua morte precoce deixou um vazio na cultura portuguesa muito difícil de preencher.
Legou a maioria dos seus bens à Região Autónoma dos Açores, que lhe dedicou uma exposição permanente na nova Biblioteca Pública de Ponta Delgada, instituição que tem à sua guarda parte do seu espólio literário (que partilha com a Biblioteca Nacional de Lisboa, constante de muitos volumes éditos, inéditos, documentos biográficos, iconografia e correspondência, incluindo múltiplas obras de arte e a biblioteca privada.
As suas principais obras foram: Anoiteceu no Bairro (1946), A Madona (1968) e As Núpcias (1992).

Imaterial

Neste poema descarrego toda a minha ira,
É ela que me provoca todo este sofrimento.
Foste tu quem não acreditou no nosso relacionamento
E isso deixa-me a pensar: “será que tudo nunca passou duma mentira”?

Foste tu quem não acreditou que o amor existia,
Foste tu quem decidiu tomar esta decisão.
Decisão que consigo respeitar por estares longe do meu coração,
Decisão que consigo respeitar por saber que o nosso amor não existia.

É duro, eu confesso! Oxalá que tivesses razão acerca do amor.
Mas o amor existe, pelo menos existe no meu ser.
É duro lutar contra algo que não se consegue ver,
É duro lutar contra esta incorpórea dor.

Mas o amor é um sentimento
E os sentimentos não se conseguem mirar.
São algo de imaterial, são algo como este sofrimento,
Que não consigo ocultar ou até mesmo curar.

Ass: Dário Andrade