13 de maio de 2009

Utopia

Foi o azul.
Foi o azul foi o azul foi o azul. Foi a cornucópia de tons que afundam, afogam, afirmam. Em dicionário de línguas inventadas, como quem foge, como quem canta. Como quem muda. Perpetuamente – por aqueles que dizem ser fantasmas, que dizem ser eternos. Não passam de sonhos interrompidos.
Foi o verde.
Como derrota, ergues a tua bandeira. Qual luta? Qual guerra? Qual chuva, qual mal? Está tudo bem, dizes. E os ecos? E os restos? Fomos feitos para começar de novo, passar a vida a limpo, apagar todos os pecados, como que confessados em águas da Jordânia. E as memórias? E as visões?
Foi o preto – a ausência de cores.
Foi o branco – a junção de todas.
No fim, foi o lapso daltónico de quem não quer perder o medo.
E entre brincadeiras, de fogo, de luz, de mar, escreves-te a minha história, imaginando um mundo que faz sentido. Quão grande mentira...
E as nuvens perdem as cores, entre fumos de condenação. Nós? Nós vemos o mundo caminhar para o abismo, calados, quietos, na nossa julgada imensidão.
Tu esperas, no teu trono de ouro, com coroa de papel.
O resto? O resto perdeu-se no tempo.
É tarde de mais.
É tarde de mais.


Já não há azul.

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13/05/09
V.S.

2 comentários:

  1. Adorei...mesmo!

    Parabéns pelo blogue!

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  2. creepy!... But nice. I like...
    Still... You-are-creepy.
    But I love you. :'3

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