1 de maio de 2011

Ira

É a ira a explodir nas entrelinhas destes vocábulos,
Fluindo pela tinta preta da esferográfica de metal.
Não a consigo ver no concreto muito menos no abstracto,
Como poderei combater algo que não alcanço?

Todas as folhas machucadas são a prova do falhanço,
Falhanço de não conseguir elaborar o meu auto - retrato.
Ela corre-me no sangue tornando-me cada vez mais mortal
Destruindo todos e quaisquer glóbulos.

A asfixia torna-se cada vez mais sufocante e dolorosa,
O oxigénio não circula e vejo tudo de forma pouco nítida.
Ela corrói-me por dentro como se fosse um ácido
Deixando cada vez mais inconsciente, sem forças para a combater.

Se era esse o seu objectivo, sinto-mo sem carácter,
Tento perceber se estou vivo mas nem sinto a carótida,
Vejo um reflexo em que luto para me manter lúcido
Mas acabo por perder a batalha, colocando na aura uma rosa.


Nota: aqui vos deixo o último texto que consegui escrever e possivelmente o último a ser redigido por mim. Também vos anuncio que o blog deixará de ter a minha colaboração. No entanto espero que Diamantina Ormonde continue na gestão deste espaço cibernético, não deixando morrer a tradição. Um muito obrigado a todos os que me apoiaram.

Ass: Dário Andrade

5 comentários:

  1. Incrível, possivelmente o mais bem elaborado texto aqui postado. O que me ultrapassa é o contexto pelo mal que flui tanta lucidez e raiva para com a tua pessoa nas palavras que salivam qual víboras neste poema. Não irei pedir justificações porque aliás só as deves a ti mesmo e a mais ninguém mas quero deixar claro que é com muita pena que me vejo a deixar de ter a oportunidade de me deleitar com as tuas obras. De resto espero que mantenhas o contacto posterior e me deixes contemplar num futuro próximo novas obras tuas quer estejam tão turvas e puras de sentimentos genuínos mesmo que seja através de outras vias que não o blogue.
    Atenciosamente, Diogo Augusto Correia.

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  2. Gostei muito. Sentimentos profundos que se apoderam de ti. Acho que tens muito talento, tal como bem sabes. E é com bastante pena que respeito a tua decisão de não publicares mais obras tuas, e ainda com mais o facto de tencionares possivelmente não mais redigir. Peço te que não desperdices esse jeito, essa arte que tens para com as palavras, e que pelo menos vás rasurando qualquer coisa, é-te aliviante também :)
    Espantosa a tua capacidade de passar para o papel tudo aquilo que sentes, que passas te, que estas a passar, o que te assusta, também o que te faz bem, mal... Sempre, como em todos os poemas, de uma forma pura e genuína. Parabéns, Parabéns por todo o talento até aqui revelado. E por aquele que tens efectivamente :)
    Estarei aqui para o que precisares. Às vezes fazendo asneira, outras não...
    Obrigada por fazeres com que se passem bons momentos, enquanto se iam lendo os teus textos.
    Parabéns!

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  3. Estou sem palavras! Este seria o golo da tua carreira se de futebol se tratasse, está mesmo muito bom Dário. Sabes o que penso em relação a abandonares o blog e a escrita. É óbvio que não acredito que deixes de redigir por muito que não sejam textos estruturados e que penses publicar. A decisão é só tua e eu respeito-a e estás de parabéns por todo o talento que tens e que aqui já foi (e voto para que volte a ser revelado, mas digo-te já que o bichinho da escrita pode adoecer mas nunca vai morrer! =)

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  4. Não abandones teu talento, tens mesmo muito geito e vamos perder um grande escritor.
    Esta tudo tão lindo que ninguem quer que desistas mas temos de aceitar a tua decisão, mas te digo vamos sentir saudades dessas tua palavras bonitas que nos fazem pensar na vida, e desses versos tao profundos.

    ass: darlene e maria

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  5. Dário um pedido que te faço não desistas deste teu talento, tens um lindo futuro e não quero ver isso acabar.
    Continua nunca desistas tens aqui muitas pessoas com a mesma opinião que eu.
    Sabes que apoio a tua decisão mas tenho mesma muita pena.

    Quando vi este blog
    Logo percebi
    Que tinhas muito talento
    Acredita em TI <3

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